Pular para o conteúdo

Da Brecha.

março 2, 2010

A Brecha sempre houve. A brecha “é”. Teria vontade própria? Seria involuntária? Nunca se soube. O que se sabe sobre a brecha é justamente o que, na Brecha, se pode ver, como o feixe de luz que atravessa a fresta e se mostra como possibilidade de abertura e de caminho. Sem essa luz, sem a brisa que atravessa a fresta, sobre a Brecha nada se sabe.

De que é feita a Brecha? Em que consiste a brecha como possibilidade de abertura? O olhar inquisidor, repleto de malicia, vê na brecha o seu motivo de existir.

O primeiro contato antes do fundir-se de seres, surge na possibilidade desse fundir. A fusão tem na Brecha sua origem.

As Brechas são funduras do fazer.

É neste exato momento – em que se acha ter capturado o significado da Brecha – que o homem se vê saqueado por sua racionalidade. A razão não dá conta, sozinha, das ambigüidades da Brecha.

Costuma pensar nas brechas? E no que você sabe ter visto por entre elas?

“Mas a brecha não é adequação, mas desvelamento. Não existe brecha em si, mas brecha para o homem, porque ele acredita nela. O homem é expectativa de brecha. A brecha é inerente ao homem, mas com a qual ele não coincide.” Expectativa de Brecha germânica, até então não anunciada como tal.

A Fenda, irmã de abertura extrema e alongada, senta-se no baile de pernas cruzadas. Já a Brecha, senta de pernas abertas.

A brecha não é um bem.

A brecha é o alvo, e a seta.

A Brecha é a brisa que agita a macieira.

Poderíamos dizer: “A brecha é involuntária, mas tem vontade própria”.

Sem luz, não há brecha.

Brecha é vislumbre e consumação.

De pé, em papo, um papo de Brecha. Ela quer ser lembrada, quer ser inscrita, infundida, emanada. Ela, a Brecha.

No comments yet

Deixe um comentário